quinta-feira, 12 de junho de 2008

Delírios Paranóicos

Se existe uma coisa que eu não entendo é o sentido das coisas...

(Entenda-se coisas como vida...)

Como é que pode, né?

 

Mas parece funcionar mais ou menos assim:

Tu estudas aquilo que queria desde de sempre: misturar coisas em frasquinhos dentro de um laboratório.

Trabalha num lugar que te faz odiar tudo aquilo que amava na profissão que escolheu.

Chuta o balde e larga tudo: cidade, profissão...

Resolve viver uma vidinha medíocre de "classe média pequeno burguesa"...

Aí vem um cara e, do nada, te aponta uma arma.

 

Tu continua não entendendo nada:

(Quem somos, por que estamos aqui, para onde vamos...)

Por algum motivo, Deus acredita em ti e te dá mais uma chance.

(Tu ficas feliz por isso, mas entende cada vez menos...)

 

As pessoas te enchem de perguntas sobre o "ocorrido"...

Tu contas a história mil vezes...

Parece que foi um filme...

 

Não sei se quero lembrar cada detalhe de novo:

Eu estava presa na garagem com o assaltante.

Não tinha nem como fugir dali e deixar ele simplesmente se mandar com o carro.

Só restava sentar no banco do caroneiro e pensar que ia levar um tiro por não estar com a droga do celular.

 

Se eu surtei na hora?

Não, a mais absoluta e civilizada calma.

O que tem de errado comigo?

Às vezes, eu acho que não tenho sentimentos...

Quem sabe eu já morri e apenas estou vendo as pessoas de uma outra dimensão...

 

Eu procuro desviar a minha atenção para outras coisas.

Coisas práticas: cancelar cartões, fazer segunda via de documentos, viajar a trabalho...

Talvez eu apenas tenha medo de ficar em casa...

 

Ontem, eu demorei a dormir...

E, dentro da minha cabeça, tudo aconteceu de novo...

E se repetiu um monte de vezes...

E o meu coração começou a disparar, do jeito que não disparou aquela noite...

E eu senti um nó no estômago.

 

Talvez eu esteja saindo do estado de choque...

Talvez eu não tenha mais coragem de entrar na garagem de noite...

Talvez eu tenha medo de ter outro carro e tudo acontecer de novo...
Talvez, talvez, talvez...

Eu apenas sei que não gosto de tanta insegurança.

2 comentários:

  1. Bem-vinda ao deserto do real... Por aqui a única constante é a mudança, a certeza da vida é a morte, a coisa mais segura é a inconstância das pessoas. Talvez nunca mais aconteça, e se acontecer, tu já aprendeu e não é mais a mesma. Uma coisa é certa: Tu não tomou nenhum furo nem tapa nem porrada e está intacta, postando como foi. Vive.

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  2. Dizem que um rei não muito sábio, e sabendo disto, pediu aos sábios da corte uma frase para ser usada quando a sapiência e a inspiração lhe faltasse.
     
    "Isto também passará"
     
    Até que nós passemos, é claro. Putz, vale pare este caso tb!

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